A Caixa de Dora
Se meu passado fosse mais que perfeito
Meu futuro não seria do pretérito
Se a perfeição não fosse meu único defeito
Errar não seria meu maior mérito
Não, eu não falava do futuro do presente
Não, eu não esperava presentes do futuro
É que a ausência sempre esteve presente
Na presença daquilo que é impuro
De presente, só ganhei derrotas
Pelo caminho, só perdi as vitórias
E foi quando me encontrei perdida
Que perdi o encontro comigo mesma
Veja você,
Há tanto choro que soa como gargalhada
Veja você,
Se o humor é negro, eu sou a piada
Veja você,
Seu riso é doce, minha lágrima, salgada
Sou eu que consumo o tempo
Ou é o tempo que me consome?
O senhor é dono do escravo
Ou escravo é todo homem?
Os meninos da cidade fogem da agitação
Se chocando com os do campo
Que seguem na contramão
Será que está tudo errado ou é só o jogo da insatisfação?
Levante-me, estenda-me sua mão
Se você tem tantas, quem sabe possa me dar uma
Se isso é meu direito, não abro mão de forma alguma
Você deve saber
Que não nasci para deveres
O mundo é que me deve
O direito aos prazeres
Esqueça-se dos porquês
Nunca houve nenhum sentido
Afogue-se neste mar de clichês
E me leve junto contigo
Sei que é triste, mas parece cômico
Suas promessas não cumpridas têm gosto de vômito
Então, vou comê-lo à vontade
Quem sabe, corroendo por dentro, mate esta saudade
Quem é aquela que se aproxima?
É a Santa Papoula que brilha
E agora o que eu faço?
Não é preciso nada, há o opiáceo
Se pelo menos esta dor fizesse algum sentido
Se ao menos você pudesse explicar
Então te deixaria sofrer comigo
Lâmina longe da ferida, me deixe respirar
O que é isso que varre o vazio?
O cansaço do câncer, ou o câncer do cansaço
Não é o vento lá fora, é aqui dentro que está frio
Ria do espetáculo, depois mate o palhaço
Antes eu chorava, por aquilo que agora me faz rir
E o inverso disso também é verdadeiro
A molécula destruída também pode construir
Juro que é verdade, para o nosso desespero
Carimbo pra nascer, carimbo pra morrer
Meu “eu” de papel vale mais que o de carne
Dor pra morrer, dor pra nascer
O papel que compra, veia que arde
Agora sou sede e fome
Perdida no meio do deserto
Se errar é humano, o erro é o Homem
Se o certo é o errado, o errado é o certo
Os pedaços da carta voam pela janela
Culpas, desculpas e motivos
Remorso esmaga, compaixão atropela
Perdi e venci o inimigo
Agora estou no alto de um prédio
O mistério, alguns andares abaixo
Não há dor sem remédio
Engulo, aplico, enfaixo
O cano encostado na fronte
O mistério, no puxar do gatilho
Por favor, não me desaponte
Drama, comédia e martírio
A lâmina colada ao pulso
O mistério, no deslizar para o lado
Velhos sonhos guardados avulso
Esqueça o futuro, planeje o passado
Estou na banheira com água morna
O mistério, dividido em comprimidos
Aquilo que vai um dia retorna
Nenhuma mordaça sufoca os gemidos
Há tantos que vivem por um sonho morto
Há tantos que morrem por um sonho vivo
É na dor que ele encontra conforto
É ela quem me rouba o juízo
Pare com esses barulhos
O silêncio, o choro, a sirene
O celular, o lócus coeruleus
A mente que não cala, o corpo que treme
No fim que chega para todos
Que me traga pela boca do vazio
Sangrando, nua, cercada por lobos
Estive gritando por séculos, alguém ouviu?
Encontre a lógica de todos os absurdos
Velhos sonhos puxam a nova carruagem
Estamos chatos, velhos e sujos
Mas tudo não passa de uma grande bobagem
7 comentários:
Perfeito mas triste...rs
ei seu Fã sabe qual la (haha) nunca entro aki? ele ia pira...
hehe
1000 bjus
eu de novo... só vim aki pra dizer algo " super a ver" com o post...rs
Eu adoro voce.. e vc é lindo, lindo, lindo e eu to morrendo de saudades.... E NAO VALE APAGAR
Te gosto
vc é lindo, lindo, lindo [2]
hahahahaha...
viu el tmbem te acha lindo lindo lindo
kkkkkkkkkkkkkk
ta bommmmm
:/
naum escrevo mais essas coisas...rs
Quando vi 5 comentários pensei: "nossa, a galera curtiu meu post"; depois que li os comentários pensei: "nossa, a galera curtiu com a minha cara"... hahauha.
Não,acredite.A galera realmente curtiu teu post,versos intrinsicamente ligados.Parabéns!
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