domingo, 24 de maio de 2009

II - Aquarela de Outono

(Esta poesia é de uma outra personagem do meu livro, Contos de Fado. A personagem se chama Ângela).
II - Aquarela de Outono

Você olha pela janela e vê a chuva de estrelas
E o brilho é tão bonito, que você quase chega a compreender
Que conhecer o infinito é simplesmente não saber
E hoje você sabe, que, na verdade, sempre conhecera

E você olha pra dentro e esquece
Que quando você lembra começa a esquecer
Que a chuva de estrelas desaparece
Se você quiser entender

Será que você não entende
Que toda estrela é diferente
E a igualdade se paga
Com tudo que se apaga

E você olha pela janela
E não há mais estrela, nem céu...
E a esperança que há nela
Se faz das dores a mais cruel

Porque enquanto você procura
Luta, tenta, come e vaga
A noite cada vez mais escura,
No final tudo se apaga

Porque é assim que acaba
Quando se entrega
É assim que se paga
Quando se apega

Pare de cortar o tornozelo,
Talvez o pulso
Por que não raspa o cabelo?
Por falso impulso

Não consigo explicar
(sou tão burra)
Não sei me adaptar
(sou uma intrusa)

Há tantos grupos
(não faço parte)
Não consigo tentar
(sou tão covarde)

Sempre achei meu nome tão feio
Mas dito por sua boca parece poesia
Da maneira que sonhei você veio
E já nem lembro mais o que temia

Só me acorda para ver o fim do mundo
Cada comprimido Vale um sono profundo
Prefiro a falsa paz que a dor verdadeira
Um penhasco, a beira da loucura leva à beira

Ouço passos dele lá fora
Está rondando minha casa
Tanto faz se será ontem, amanhã ou agora
Marcou minha alma com ferro em brasa

Karma-furacão
Me leva ao céu me joga ao chão
Karma-cão-de-caça
Caça o caçado e o cão que caça

Karma-sentinela
Ninguém foge ou escapa
Choro à tua espera
No final, tudo se paga