Sou metade eu, metade falta
Metade busca do que não está, metade busca do que não é
Mas quando a falta é mais do que sou, aí já não queria ser
Quando a falta me preenche com sua ausência,
Me sinto cheio de um vazio que faz doer
Sou metade vida, metade morte
Metade vida que pulsa, metade pulsão de morte
Mas quando a morte é mais que vida, aí já não queria pulsar
Quando a morte me rouba o calor que tanto busco
Sinto a calma brisa que sopra do mar
Sou sombra de desejo e desejo de sombra
Sozinho no deserto, me queima o sol da repressão
Pai, me compra o mundo; mãe, fica junto
Não quero mais ter que desejar
Não quero mais ter que ter, não quero mais que me tenha,
Não quero...
Sou metade alegria e metade tristeza
Metade riso que sopra, metade angústia que sufoca
Mas quando a tristeza é mais do que pode ser
Quando o sentido se perde ou parece banal
Aí as palavras são inúteis...
E o ponto é final.