domingo, 8 de junho de 2008

ARCO-ÍRIS RADIOATIVO (céu azul 137)

Esta poesia foi extraída de um livro de minha autoria, ainda não publicado, chamado: CONTOS DE FADO. Foi escrita por Epitáfio, um personagem do livro.


Odeio todos os segredos mais secretos

Que permanecerão em segredo para sempre

Te presenteio com um ramalhete de dejetos

Tragando na fumaça o câncer inerente

A fisionomia tosca de um lábio sem sorriso

O hálito podre de uma boca sem dentes

A podridão é tudo que é preciso

Quando a culpa já não encontra inocentes

Uma canção de louvor entoada aos berros

O êxtase ou qualquer vislumbre de alegria

Enquanto isso, todas as dores que em mim encerro

Transformam o respirar no ritmo da agonia

O pecado original é a reprodução

E meu pecado foi não ser original

O repetir é o pecado capital

A cópia é a originalidade na inovação

Sorria, você é o fruto do ontem

Sorria, uma polpa podre não envolve sementes

Não chore, você serve de adubo para minha árvore

Não chore, no meu pomar todas as plantas são diferentes

A presença do vazio é a ausência do presente

Será que nada que é eterno dura pra sempre?

Ou será que tudo é nada e com a eternidade não é diferente?

Se com 4 letras o nada se torna algo

E se tudo cabe em 4 também

É natural que com 8 eu tenha o universo

Ou será que com 3 ele me tem?

O que vocês debatiam na grande mesa?

Enquanto eu me debatia no chão

Degustavam sofisticadas sobremesas

E eu catava as sobras da mesa com as mãos

Já não há mais alimento lá fora

Talvez devêssemos fazer uma sopa de dinheiro

Calma aí, aguarde sua hora

Eu tenho o direito de comer primeiro

Irmão, você me mataria enquanto durmo?

Bom demais pra ser verdade

Liberta-me desse mundo

E me perdoa por ser covarde

Perceba a gravidade da situação

Há uma força que me puxa para baixo

Quando quero sair do chão

Não acho, não me encaixo, ladeira abaixo

Isso é grave, a grave idade

Isso é grave, a gravidez

Isso é lenda, a feliz idade

Está na cara a insensata tez

Desligue a TV e o som

Esse barulho é o rádio em atividade, radioatividade?

A velhice é tão triste, é um mal da idade, maldade

Um dia tentei ser bom

Recobre o fluxo... fluoxetina

Há tanta serenidade, tanta serotonina

O apocalipse já foi anunciado

Por meninos sujos de jeans rasgado

Somos todos ordinários, infeliz verdade

Somos unidades comuns, mas não somos comunidade

Um muro que me divide ao meio

Metade sonho que passou, metade sonho que não veio

Há tanto código que barra,

Metade pelo dinheiro, metade pela raça

Não admiro o Novo Mundo

Mas me admira o Mundo Novo

Quando tudo é vulgar e sujo,

Sou o mais vulgar de todos

Como é extensa

Essa tortuosa linha de montagem

Sou só mais uma peça

A gangrena e a engrenagem

Girando sobre o eixo

Sem nunca sair do lugar

Me desgasto mas não me queixo

Fui feito para girar

Fiz das tripas coração

Pra não fazer do sonho excremento

Mas me perdi na solidão

Quem me abriga é o relento

Tudo é jogo

Jogo é tudo

Todos gritam: dependência ou morte

Sabe o que é mais absurdo

Por azar não tenho sorte

Veja a grande luz violeta no céu

Um radiante anjo chamado Urânio

Derrete-me os ossos com o calor de seu véu

Deforma meus filhos, membros e crânio

Como matar o tempo que me mata?

Que tal um cigarro?

Sou esperança, membrana, alma

E catarro

De que adianta ser profundo

Num mundo assim tão raso?

O ser humano, o ser imundo

Te amo, te odeio, te mato

Socorro!

Os soldados estão vindo

Com sangue nos olhos

E eu jorro sangue pela boca

Hímen, honra... espólios

A bala zunindo...

Natureza, vadia louca

Se você pudesse ver o que eu vejo

Seu coração derreteria

Um breve lampejo

Dos jardins da agonia

terça-feira, 3 de junho de 2008

Situação Tensa....

Psicologia Infantil







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