E eu que nem queria tanto
Mas sempre recebi menos que pouco
É, eu sei, é do barro que se faz o santo
E é da lama que se faz o louco
Às vezes me assusto
Porque me explicam quase tudo que se sabe
Mas não me explicam que o “quase” é muito
E tudo numa palavra só não cabe
É estranho se sentir normal
À medida que se sente diferente
Quanto mais distante da Curva de Gauss
Sou menos número e mais gente
Já que tudo desabou
Talvez devêssemos tomar alguma atitude
A hora que não veio já passou
Nasci velho perseguindo a juventude
Agora que podem nos destruir,
Nós os amamos!
Se não podemos encobrir
Então queimamos
Somos tão bons!
Se não posso esquecer, por favor, não me recorde
A mudez é a nudez dos sons
Se não pode dormir, que tal alguns acordes?
A cóclea, o estribo e o martelo
Que não pára de bater (lá dentro)
Esse meu lobo é tão atemporal!
O som, a vibração e o monastério (advento)
Sou cinza, morno e banal
Lamento...
“Literatura, prostituta velha e metida!”
Dizem os meninos jovens e ressentidos
Saia pela entrada e entre pela saída
Desconstrua para achar algum sentido
Tudo que descubro
Já foi encontrado há mais de um século
Não sou eu que julgo
E pouco me importa seu método
Mas qual é a sentido da poesia?
Que não vende, não compra e não mata
É o mesmo sentido de quem sentia
De caber em tudo e não servir pra nada
O tempo livre se mata com rima
E a liberdade não se mata só com grade
Mais um verso e o fim se aproxima
Depois do começo, só é certo que se acabe
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