quarta-feira, 9 de abril de 2008

Princípios da Incerteza


E eu que nem queria tanto

Mas sempre recebi menos que pouco

É, eu sei, é do barro que se faz o santo

E é da lama que se faz o louco


Às vezes me assusto

Porque me explicam quase tudo que se sabe

Mas não me explicam que o “quase” é muito

E tudo numa palavra só não cabe


É estranho se sentir normal

À medida que se sente diferente

Quanto mais distante da Curva de Gauss

Sou menos número e mais gente


Já que tudo desabou

Talvez devêssemos tomar alguma atitude

A hora que não veio já passou

Nasci velho perseguindo a juventude


Agora que podem nos destruir,

Nós os amamos!

Se não podemos encobrir

Então queimamos

Somos tão bons!

Se não posso esquecer, por favor, não me recorde

A mudez é a nudez dos sons

Se não pode dormir, que tal alguns acordes?


A cóclea, o estribo e o martelo

Que não pára de bater (lá dentro)

Esse meu lobo é tão atemporal!

O som, a vibração e o monastério (advento)

Sou cinza, morno e banal

Lamento...


“Literatura, prostituta velha e metida!”

Dizem os meninos jovens e ressentidos

Saia pela entrada e entre pela saída

Desconstrua para achar algum sentido


Tudo que descubro

Já foi encontrado há mais de um século

Não sou eu que julgo

E pouco me importa seu método


Mas qual é a sentido da poesia?

Que não vende, não compra e não mata

É o mesmo sentido de quem sentia

De caber em tudo e não servir pra nada


O tempo livre se mata com rima

E a liberdade não se mata só com grade

Mais um verso e o fim se aproxima

Depois do começo, só é certo que se acabe


http://apologiaaocaos.hpg.ig.com.br/

Nenhum comentário: