quarta-feira, 19 de março de 2014

INVENÇÃO


Toda porta fechada tem um buraco de fechadura (espia o espião)
E nenhuma fechadura dura fechada para sempre
Se a dura verdade perdura, fecho os olhos e vejo diferente
Há olhos de verdura, olhos de ver bichos e olhos divergentes
Para o amargo, rapadura; para o amor, um cochicho; para mosquito, repelente.

Antes cedo do que tarde, antes à tarde do que nunca
Antes um segredo que arde, guardado na penumbra
Finjo que sinto até sentir o sentido do sentimento
E depois de sentir, eu sinto muito... pela topada no calçamento.

Faço uma paralisação pelo movimento...
Movimento anti-horário, movimento anti-relógio, movimento anti-pressa
Movimento anti-remo, movimento anti-rima
Contracorrente, contra cadeado, desencadeando correnteza acima.

Quando crescer, além de alto, vou ser detetive
De lupa na mão, cachimbo na boca e olhar pensativo
Procurando pistas e pegadas de mistérios intrigantes
De um beijo roubado, coração seqüestrado, Cupido assaltante

Quando envelhecer, além de alto e velho, serei cientista maluco
De cabelo armado, jaleco amarrotado e óculos redondos
Com tubo de ensaio, ensaiando a descoberta de um descobrimento caduco
A novidade, a relativa idade, a grave idade, de um tempo sem desconto
Idade vem, idade vai, vai.. idade... vai para longe!

O tempo passa, arando a terra, semeando sal, brota saudade.

2 comentários:

Buhes disse...

Anos que não venho aqui, e você continua escrevendo, isso é muito bom, gostaria de ler algum livro seu, já li a apologia ao caos e os contos de fado.

Anderson Onofre disse...

Que bom que retornou... não ando postando com muita frequência, mas tenho tentado retomar o hábito. Quanto a novos livros, tenho 2 projetos iniciados, no entanto, creio que levarei ainda algum tempo para concluí-los. Provavelmente,quando estiverem finalizados, disponibilizarei algo aqui no blog. Abraço!