Toda porta fechada tem um buraco de fechadura (espia o espião)
E nenhuma fechadura dura fechada
para sempre
Se a dura verdade perdura, fecho os
olhos e vejo diferente
Há olhos de verdura, olhos de ver
bichos e olhos divergentes
Para o amargo, rapadura; para o
amor, um cochicho; para mosquito, repelente.
Antes cedo do que tarde, antes à
tarde do que nunca
Antes um segredo que arde, guardado
na penumbra
Finjo que sinto até sentir o
sentido do sentimento
E depois de sentir, eu sinto muito...
pela topada no calçamento.
Faço uma paralisação pelo
movimento...
Movimento anti-horário, movimento
anti-relógio, movimento anti-pressa
Movimento anti-remo, movimento
anti-rima
Contracorrente, contra cadeado,
desencadeando correnteza acima.
Quando crescer, além de alto, vou
ser detetive
De lupa na mão, cachimbo na boca e
olhar pensativo
Procurando pistas e pegadas de
mistérios intrigantes
De um beijo roubado, coração
seqüestrado, Cupido assaltante
Quando envelhecer, além de alto e velho,
serei cientista maluco
De cabelo armado, jaleco amarrotado
e óculos redondos
Com tubo de ensaio, ensaiando a
descoberta de um descobrimento caduco
A novidade, a relativa idade, a
grave idade, de um tempo sem desconto
Idade vem, idade vai, vai..
idade... vai para longe!
O tempo passa, arando a terra,
semeando sal, brota saudade.
2 comentários:
Anos que não venho aqui, e você continua escrevendo, isso é muito bom, gostaria de ler algum livro seu, já li a apologia ao caos e os contos de fado.
Que bom que retornou... não ando postando com muita frequência, mas tenho tentado retomar o hábito. Quanto a novos livros, tenho 2 projetos iniciados, no entanto, creio que levarei ainda algum tempo para concluí-los. Provavelmente,quando estiverem finalizados, disponibilizarei algo aqui no blog. Abraço!
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