segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Ágata e o Crepúsculo

Ágata ainda é jovem, o mundo ainda parece fresco para ela. Gosta de passear pelo jardim botânico nos fins de tarde, ou de sentar-se em algum banco da praça que fica próxima a sua casa, esperando que o sol comece a se pôr. Mas não hoje.

Ágata gosta de poesia. Sabe recitar mais de uma dezena delas de cor, e também escreve suas próprias. Sabe tocar flauta, e até compôs uma ou outra melodia que nunca mostrou para ninguém. Mas não hoje.

Ágata gosta de cinema. Várias vezes, abandonou uma aula tediosa para assistir a algum filme que estivesse em cartaz. Gosta de sentir o cheiro de pipoca ou de deixar-se cair no sono, recostada confortavelmente na poltrona; sente-se mais segura para dormir, sabendo que há outros por perto. Mas não hoje.

Ágata gosta de sentar-se diante de algum lago de água parada, ou de um riacho de água corrente. Gosta de ver os insetos andando pela superfície límpida, sem afundar; ou de atirar ramos na corredeira e vê-los se afastando até sumir das vistas. Mas não hoje.

Hoje, a barriga de Ágata ronca, e seu armário está vazio.

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