terça-feira, 16 de setembro de 2008

MIRAGEM

Sou metade eu, metade falta

Metade busca do que não está, metade busca do que não é

Mas quando a falta é mais do que sou, aí já não queria ser

Quando a falta me preenche com sua ausência,

Me sinto cheio de um vazio que faz doer


Sou metade vida, metade morte

Metade vida que pulsa, metade pulsão de morte

Mas quando a morte é mais que vida, aí já não queria pulsar

Quando a morte me rouba o calor que tanto busco

Sinto a calma brisa que sopra do mar


Sou sombra de desejo e desejo de sombra

Sozinho no deserto, me queima o sol da repressão

Pai, me compra o mundo; mãe, fica junto

Não quero mais ter que desejar

Não quero mais ter que ter, não quero mais que me tenha,

Não quero...


Sou metade alegria e metade tristeza

Metade riso que sopra, metade angústia que sufoca

Mas quando a tristeza é mais do que pode ser

Quando o sentido se perde ou parece banal

Aí as palavras são inúteis...

E o ponto é final.

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